quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Você conhece este lugar?

Mobilidade Acadêmica

Procure se informar mais, mas será possível, em breve (previsto para
2009), fazer um semestre ou dois em outra universidade federal do país
pelo programa de mobilidade acadêmica. O governo disponibilizou verba
para as entidades se prepararem para acolher os estudantes em suas
casas de estudante. Nós, da CEU, seremos os anfitriões deste programa
aqui na Ufrgs. Nossos convivas residirão na nossa casa, no alojamento
do nono andar, que depois da reforma terá capacidade para receber mais
de 30 pessoas.

A TV da sala X

Entre as "tralhas" que entupiam uma sala do segundo andar foi
encontrada uma televisão 29'' nova na caixa. A ex-funcionária da
manutenção tinha por costume a acumulação de materiais (re)utilizáveis
ou não, móveis, eletrodomésticos, madeiras, e tudo (e além) do que
possa imaginar em salas desocupadas da casa. E, recentemente, devido
às reformas do segundo andar, essa TV foi descoberta pelo atual
funcionário da manutenção, que rapidamente, sem consultar os
moradores, a instalou na sala X. A surpresa que tomou conta de nós foi
que da mesma forma que este equipamento apareceu, poderia ter
desaparecido. Coisas inacreditáveis ocorrem nos bastidores da CEU, que
não deixa de surpreender. Quase sempre são os funcionários que decidem
por nós - tutoria alienante e infantilizante.

A AMCEU

Em 2005 tínhamos uma AMCEU em vias de decadência, mas ainda garantindo
a mínima gestão da casa e seus espaços. Para ocupar o terraço, por
exemplo, era preciso apenas pegar um documento na portaria, preencher
os dados requisitados e pedir que alguém da AMCEU (qualquer membro)
assinasse para se efetuar a reserva do espaço. Faziam-se festas de
aniversário, de confraternização, churrascos, reuniões a céu aberto,
ensaios de teatro, etc sem precisar nenhum aval da direção e do SAE.
Até 2004 eram comuns as festas na sala X (famosas e lembradas até hoje
pelos estudantes da Ufrgs em geral). Costumava-se vender cerveja mais
barata que nas Catacumbas (porão do prédio antigo da engenharia),
assim superlotando o segundo andar com o pessoal que estava circulando
entre as Catacumbas e a sala X. Bons tempos... A AMCEU comprou dois
frizzers com o dinheiro ganho nas festas. Também lutou junto dos
demais moradores pela instalação dos cabos de internet nos quartos,
revisão do estatuto da casa, etc.
Em 2006 AMCEU continuou nessa linha decadente com reuniões fechadas e
culminando no final de 2007 com apenas uma pessoa se responsabilizando
pelo diálogo entre direção e casa.
Não houve mais interesse dos moradores em fazer parte desse diálogo e
como é de se esperar, ele deixou de existir. Os moradores,
individualmente faziam suas reivindicações à direção, mesmo que
contrárias ou inadequadas aos demais moradores. Perdeu-se ainda mais a
noção de coletividade na casa.
Em 2008 foram abertas as inscrições de chapas para a associação, mas
ninguém quis saber. Apenas um grupo de pessoas, maior parte ligadas
por relações de amizade, assumiu essa "bronca" entre os moradores e a
direção da casa e o SAE. Tínhamos (aqui me incluo como amceuniano)
interesse, principalmente, em retomar a gestão dos espaços que vinham
sendo fechados ou controlados excessivamente pela direção - sala X,
terraço, nono andar, etc. Também, em promover atividades de integração
entre os moradores, espaços de convivência e de troca. E fazer novas
reivindicações: DVD para a sala de TV, almoço nos finais de semana,
preferência de moradores de casa de estudante no trabalho de fiscal no
vestibular, mais máquinas de lavar roupa e computadores, entre outras.
Agora, final de ano, próximos à eleição de uma associação, fazemos um
balanço prévio de nossa gestão e ficamos preocupados. Notamos que
durante este ultimo ano a AMCEU conseguiu perder sua sala , que era no
segundo andar e foi cedida aos estudantes do intercâmbio em troca de
salas no nono andar, ainda em desuso e fechadas. O terraço, agora,
está fechado por motivos obscuros, a SAE nos alega as razões mais
esdrúxulas, assim como a sala X, que cada vez mais tem seu uso mais
restrito e controlado pela direção e SAE. Festas no terraço e na sala
X estão proibidas. [ Logo, pode ocorrer também nos halls: único lugar
possível ] A AMCEU apenas perdeu autonomia nessas questões dos espaços
coletivos da casa. E pior, não organizou uma festa sequer!
Que fez então? - a pergunta que não quer calar. Bom, acompanhamos de
perto o planejamento da reforma do nono andar exigindo uma melhor
otimização do andar, que acolherá a partir do ano que vem os
estudantes da mobilidade acadêmica (advindos de outras universidades
federais do Brasil), que residirão conosco na casa por um ou dois
semestres. Organizamos uma recepção aos novos moradores no primeiro
semestre e o debate na casa dos candidatos a reitor. De tudo que
fizemos, creio (pessoalmente ou não) ter sido de suma importância a
manutenção da própria associação, mesmo que decadente, mas mantida
viva. Reuniões abertas no halls dos andares, visíveis, pessoal bem
humorado e encontros divertidos para suportar a angústia de perceber
nossa impotência frente às problemáticas da casa.
Em breve, estarão abertas as inscrições de chapas ou pessoas afim de
participar da AMCEU. Quem assumir esse compromisso deve, no mínimo,
perceber que por essa linha histórica acima descrita, que o furo é
mais embaixo, não é tarefa fácil, mas essencial no que toca a todos
que pensam que a CEU pode ser uma casa, a sua casa - e não apenas um
prédio da Ufrgs. Perceber-se aqui como morador, antes de estudante da
Ufrgs.

Entre a CEU e a Terra

As pessoas vivem na CEU como se vivessem em um hotel. Ou, num
condomínio, "cada um no seu quadrado". Não andam de pantufas pela Casa
do Estudante como se estivessem numa casa de pessoas "normais", onde
se vai só de toalha para o chuveiro (no verão é melhor) e se cantarola
velhas canções no banho. É como se o tempo todo a vida fosse pública,
em nenhum momento existisse o privado, a intimidade: o que é
individual e íntimo fica restrito ao corpo e não ao espaço em que se
desloca esse corpo. "A subjetividade é abruptamente limitada aos
limites da epiderme" (Joeverson, 07/09/2008). Nosso corpos seguem
presos dentro de celas manicomiais e sujeitos a todas as
interferências do meio, ou seja, uma usina de produção de malucos.
Somos capazes de escutar paredes, e vice-versa. Se escutam sons
estranhos, familiares, inconfundíveis, desconfortantes, engraçados,
desanimadores, que dizem de nós, mas também de outros, de uns seres
que vivem entrincheirados em seus lares: "cavernas onde não chove"
(Ricardo, 07/09/2008).
O corredor não é um espaço público; é extremamente coercitivo e de
controle social (Vagner, 07/09/2008). Nos sentimos vigiados o tempo
todo pelos nossos vizinhos, e os guardas da segurança. Às vezes,
cansamos de tanta análise alheia, tanta invasividade. É como se não
conseguíssemos mais ser sós. "Não há sol; há sós". A casa lembra o
livro "1984", o Big Brother.
Há mais olhos e ouvidos entre o quarto e o corredor do que você
pode
imaginar. E não é paranóia pessoal, acaba por ser coletiva: todos vêem
todos nesse panóptico enlouquecedor. Quem ainda não se deprimiu ou se
estressou com essa vida assim, descortinada? Ou fica recluso dentro de
si como uma tartaruga com medo ou ainda está "entusiasmado com a
diversidade" no pouco tempo que estás na casa. De resto, pelo que tudo
indica,
mais cedo ou mais tarde começará a tratar o mundo como "o mundo lá
fora" e achar dicotomicamente que a CEU é um mundo à parte. E, pior,
talvez, seja mesmo: a CEU e a Terra.

Escrito por Ricardo e Joeverson (quinto dos inferno)

Salvem os cupins!

SALVE OS CUPINS!
Os cupins estão morrendo de fome: armários novos já!

A ameaça de extinção dos verdadeiros moradores da CEU - os cupins -
torna emergencial a troca dos armários dos quartos da casa. Poucos
sabem, mas a verba para isso já foi disponibilizada e desde o ano
passado, quando recebemos a grana, foram compradas as lâminas de
madeira, dobradiças, puxadores e alguns dos materiais necessários para
montagem dos novos armários. Ainda faltam alguns alguns itens e a
previsão de início dessa reforma está sendo pensada para logo (dentro
de mais dois anos, talvez). A obra começará pelo oitavo andar e irá
descendo até o terceiro. Todos os armários da casa serão trocados por
novos, confeccionados pela marcenaria da UFRGS: mas feitos com um tipo
de madeira indigesta aos cupins. Por que a demora? Bom, responder
seria expor demais a eficiência dos funcionários da manutenção e
direção da casa.
Estamos em novembro, mês de cupins com asas se espalhando famintos
pelo quarto e pela casa atrás de madeira (hoje quase inexistente). Dá
uma tristeza só de pensar naquelas asas por tudo que é lugar... no
chão, nas paredes, no copo d'àgua, na cama, na roupa, no corpo...